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Dezenas de voluntários se reuniram na manhã deste sábado (2) para uma ação de limpeza e ocupação artística da Ilha do Fogo, ponto turístico que liga as cidades de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e Juazeiro, no Norte da Bahia. A ilha vem sofrendo ao longo dos anos com o excesso de lixo, falta de infraestrutura e a indefinição sobre a posse e responsabilidade do balneário.
“A Ilha do Fogo é um lugar simbólico, por representar a união dos dois estados, Juazeiro, Bahia, Petrolina, Pernambuco, então é fruto de uma ação que pensa em ocupar esse espaço, tira o estigma de um lugar descuidado, que o poder público não cuida. Essa ação é pensada por voluntários que estão com esse lugar”, explica Tiago Cordeiro, um dos organizadores da ação.
Reportagem do jornalista Emerson Rocha, G1 Petrolina, destaca que o trabalho de limpeza da Ilha teve a presença de pessoas de várias idades, tudo feito de forma coletiva. Grávida, a estudante Érika Lima era uma das participantes. Preservar a ilha, segundo a futura mamãe, é garantir um futuro melhor para o filho Saulo.
A Ilha do Fogo é um dos principais pontos turísticos do Vale do São Francisco e une as cidades de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia.
“A Ilha do Fogo é patrimônio cultura das cidades de Petrolina e Juazeiro, infelizmente abandonada pelos poderes públicos, mas o que eu espero é que o Saulo encontre futuramente um ambiente limpo, agradável. Afinal, a gente só conhece esse planeta, a gente só tem ele”.
A turma do caiaque e da canoagem também participou da limpeza. “É uma função social de todo mundo, todo petrolinense e juazeirense, é uma função de todos nós manter isso aqui limpo”, afirma João Castro, instrutor de canoagem.
Os voluntários também deram uma cara nova aos muros da Ilha, com gravites. Em alguns deles a frase que é um dos lemas dos frequentadores do local: A Ilha do Fogo é do Povo. “A arte ela vem para revitalizar nesse momento e ressignificar o lugar”, destaca a artista Pollyana Mattana.
Quem cuida da Ilha?
A lha do Fogo atrai moradores e turistas que visitam a região. Entre 2012 e 2015 a Ilha foi administrada pelo 72 Batalhão de Infantaria Motorizado (72 BIMTz) do Exército. Deste então, a população não sabe a quem recorrer, pois há uma longa indefinição quanto à posse e às responsabilidades sobre o balneário.
A Ilha do Fogo, assim como todas em território nacional, é propriedade da União, mas a Prefeitura de Petrolina, disse em nota, “que detém a posse provisória da Ilha do Fogo, cedida pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU)”.
Ainda segundo a nota, um estudo coordenado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi reconhecido que, pelo uso histórico, as Ilhas do Fogo e Rodeadouro são pertencentes ao Estado da Bahia. Porém, isso ainda não foi regulamentado definitivamente. “O estudo foi enviado ao Ministério Público de Pernambuco para ser encaminhado aos governadores dos estados e para aprovação das assembleias legislativas de Pernambuco e Bahia”, diz o texto.
Também por nota, a prefeitura de Juazeiro alega “que o município não “recebeu” a Ilha do Fogo de maneira oficial, ou seja, não há nenhuma documentação passando a responsabilidade para o município”.
Ainda segundo a nota, “mesmo sem a responsabilidade oficial passada ao município, o SAAE realizou vários serviços de limpeza na ilha, os quais passarão a ser realizados pelas equipes de agentes de limpeza da Secretaria de Serviços Públicos (SESP). Em tempo, o SAAE realiza a coleta de lixo aos domingos na localidade”.
Em nota, a Secretaria do Patrimônio da União, por meio Superintendência do Patrimônio da União de Pernambuco disse “que o imóvel conhecido como Ilha do Fogo pertencente ao patrimônio da União, está registrado no cartório de registro de imóveis do município de Petrolina”. Ainda segundo a nota, “em 2015, após a desocupação pelo Exército Brasileiro, o imóvel foi cedido provisoriamente ao município de Petrolina, a fim de que fosse guardado e preservado de invasões e depredações até a decisão final do procedimento administrativo que trata da cessão de uso definitiva”.
“A Superintendência vinha aguardando a definição do projeto de utilização da ilha por parte do município de Petrolina, quando foi informada sobre a existência de estudos propondo a alteração dos limites interestaduais, e que a ilha estaria localizada no município de Juazeiro na Bahia. A Superintendência aguarda resposta à consulta feita ao IBGE sobre a existência de tais estudos sobre a alteração dos limites interestaduais”.
Também por nota, o IBGE informou “que recebeu um ofício da Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco sobre os limites entre a Bahia e Pernambuco. O ofício foi direcionado para diretoria específica, na sede do IBGE, no Rio de Janeiro, mas ainda não teve resposta”.
Na nota, o Instituto informou ainda “que não é do IBGE a responsabilidade por definição ou alteração de limites. No caso entre Bahia e Pernambuco, cabe avaliação por meio dos estados, normalmente, envolvendo os órgãos responsáveis pela divisão territorial”.
G1