Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Cine Carrapicho promove acesso à arte cinematográfica nas comunidades do Salitre

thumbnail_pau-preto-foto-agencia-chocalho-696x464

Na sexta exibição do Cine Carrapicho, a comunidade rural de Pau Preto recebeu uma noite de cinema. Pelo menos 400 pessoas já participaram das sessões itinerantes do projeto, que há um mês percorre as comunidades do Salitre, no interior de Juazeiro, levando filmes brasileiros e se destacando como uma ferramenta de reflexão social e representatividade.

Ao ar livre, as moradoras e moradores de Pau Preto, na noite de sábado (11), assistiram ao documentário “Quilombos da Bahia”, uma obra cinematográfica produzida em 2004, que não só retrata, mas também celebra a luta, a cultura e a resistência das comunidades quilombolas espalhadas pelo estado. Dirigido pelo cineasta Antônio Olavo, o filme trouxe à tela as histórias e vivências de inúmeras comunidades, dentre elas algumas da região do Salitre, em Juazeiro, a exemplo de Pau Preto, que além de entrevistas de moradores/as está registrada no documentário por meio da animação do forró pé de serra.

Durante o bate-papo após o filme, a mediadora Érica Daiane questionou se Pau Preto é um quilombo. As respostas das moradoras ecoaram orgulho e afirmação de identidade. “Nós somos quilombo… Eu tenho orgulho de ser filha de negros”, afirmou Marlene Honorato, que viveu 50 anos em São Paulo e hoje voltou a habitar a comunidade.

Já Clemilda Mata, conhecida como Mimida, falou que na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE já se declarou quilombola, destacando a importância do reconhecimento oficial: “É muito importante para que a gente consiga o nosso registro de comunidade quilombola”. Clemilda é uma das lideranças de Pau Preto e vem provocando a discussão na comunidade sobre a importância do reconhecimento enquanto comunidade quilombola.

Cine favorece a cultura e economia local

Além de proporcionar reflexões sobre questões sociais, políticas e culturais, o Cine Carrapicho tem desempenhado um papel na democratização do acesso à cultura e na promoção da identidade local. Essa foi a primeira vez que a comunidade de Pau Preto recebeu uma sessão de cinema.

A coordenadora do projeto, Manuela Conceição, destaca que, graças ao acesso à Lei Paulo Gustavo, foi possível alcançar comunidades que anteriormente o Coletivo não tinha condições de atingir. “É importante falar que o Cine Carrapicho surgiu do cinema popular que era algo que a gente já fazia desde 2016 nas comunidades, mas sem recurso… com a aprovação do edital do Paulo Gustavo, temos a possibilidade de ir em outras comunidades que a gente não tinha condições de ir”. Isso também se reflete no caso das comunidades de Manga e Goiabeira I, que receberão pela primeira vez o cinema no próximo final de semana.

Na oportunidade, o grupo Mão na Massa, formado por mulheres da comunidade, vendeu lanches para o público presente, o que confirma que projetos desta natureza contribuem para fortalecer a economia local. Além disso, “toda a verba do projeto é investida em benefício do Salitre, pois há frete de transporte da comunidade de Alfavaca, contratação de jovens educomunicadores/as para atuar na equipe do projeto, além de compras de equipamentos que ficará para o Carrapicho Virtual”, relata Érica Daiane, que tem apoiado o coletivo nos processos de elaboração e gestão dos projetos.

O “Cine Carrapicho” é uma produção do Carrapicho Virtual, com apoio institucional da Casa de Abelha e da União das Associações do Vale do Salitre (UAVS). O projeto foi contemplado com a lei de incentivo à cultura (Lei Paulo Gustavo), por meio do edital de audiovisual, em Juazeiro, Bahia.

Ascom/Agência Chocalho

Deixe seu comentário: