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Escolas Famílias Agrícolas de Sobradinho e Antônio Gonçalves debatem estratégias para potencializar a Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido

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Trabalhar os temas diversos relacionados à Convivência com o Semiárido na educação, contextualizando o ensino com a realidade dos/as estudantes; debater estratégias de cuidados coletivos com os bens naturais e comunitários; também elencar os desafios atuais das Escolas Famílias Agrícolas (EFA’s) e apontar formas de aprimorar as abordagens de todos esses assuntos. Foi assim, com uma programação intensa de discussões, que colaboradores/as das EFA’s de Antônio Gonçalves (EFAG) e Sobradinho (EFAS), ambas na Bahia, se encontraram em uma formação sobre Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido.

Durante a programação aconteceram debates relacionados ao histórico da educação no país, com um olhar sobre os desafios atuais e as negações de direitos, principalmente para quem vive no campo; além de encaminhamentos para que os/as participantes realizem atividades de multiplicação dos saberes em outros espaços escolares, em suas realidades.

Entre os detalhes das atividades, também foi destaque a apresentação da origem e características do bioma Caatinga e do Semiárido brasileiro, consequentemente, com a necessidade da inclusão, nas práticas pedagógicas, de temas como: mudanças climáticas, acesso à terra em tamanho apropriado; entendimento do modo de viver coletivo das Comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto; e ameaças atuais dos grandes empreendimentos de mineração, parques eólicos e fotovoltaicos. Essas reflexões foram feitas com as pessoas que participaram, tendo como um dos objetivos incentivar a potencialização dos processos educativos nas EFA’s, que não podem ser descontextualizadas, deixando de lado a formação crítica dos/as estudantes, a aproximação com a comunidade e os temas da agricultura familiar, por exemplo.

“É importante a gente fazer essa demarcação mesmo de qual é essa Educação Contextualizada. Então, é uma Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido e que ela contempla o que é que tem acontecido nas nossas comunidades, no chão que a gente pisa; o que é que tem chegado para os povos do Semiárido. A gente precisa, de fato, fazer um alinhamento e uma compreensão do que é viável, do que é possível, considerando o nosso contexto, a realidade climática que a gente tem”, ressalta a colaboradora do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Thaynara Oliveira.

A professora e monitora da EFAS, Maely Silva, pontua a importância dessa formação para instigar a busca por mais conhecimento. “Nos inspirou e me inspirou bastante a querer estudar cada vez mais sobre o nosso bioma Caatinga. A gente tem já um conhecimento, de acordo com a formação, mas parece que cada vez que é trazido elementos de como a Caatinga consegue ser tão resiliente, como a Caatinga consegue ser um símbolo tão marcante da Convivência com o Semiárido, a gente fica, ‘nossa! Realmente precisa aprender mais!’. Então, esses debates, de certa forma, me inspirou a querer pegar, cada vez mais, livros, ler cada vez mais conteúdos, para a gente conseguir compreender a dimensão científica, a dimensão ambiental que a gente pode trabalhar com o nosso bioma”.

O momento possibilitou um intercâmbio entre o Irpaa e as EFA’s participantes, evidenciando, inclusive, a importância das mesmas, o que cada escola tem de desafios e quais as estratégias para aprimorar as ações. “Então, foi muito importante essa junção também das escolas famílias, por a gente estar juntos dialogando e trazendo esse roteiro da educação, da Pedagogia da Alternância. A gente sai com essa construção, tendo em vista que a gente está no caminho certo, que a gente tem uma dinâmica que segue a mesma linha e que a gente está buscando cada dia mais nos aperfeiçoar, para está levando para a sala de aula, para os nossos educandos, essa vivência real no espaço escola e família, diante da realidade de cada estudante, në?! Foi muito proveitoso!”, enaltece a monitora da EFAG, Rozemaria Oliveira.

Nesse mesmo sentido, ao avaliar a formação, o professor e monitor da EFAS, Laécio Dias, destacou que essa iniciativa contribuiu muito para a atuação e que pretende repassar os conhecimentos. “Evidenciar a importância desse intercâmbio de saberes entre as EFA’s e como tudo foi organizado. A gente sai daqui com inspirações, a gente sai daqui com ideias, com troca de experiências que, com certeza, quando a gente retornar à nossa realidade cotidiana de sala de aula de EFA, ‘de telhosca, de cerão’ (momentos com as turmas juntas), a gente vai levar esses momentos, essas trocas para dentro da equipe, do corpo discente”.

Na programação do encontro aconteceu também um cine debate, com a exibição do curta-metragem “Jovens Lideranças do Semiárido: vozes do presente”. Após o filme, a participação de alunos de uma turma da EFAG foi bem intensa, com falas que evidenciaram a identificação com os/as jovens que contaram suas histórias no curta, com a importância do pertencimento e o envolvimento nas comunidades, sendo protagonistas. Maria Aline Lira, estudante do 2º ano do curso técnico em Agropecuária, destacou no cine debate que a juventude tem um papel fundamental na sociedade, que está nas mãos de cada um/a a escolha por esse protagonismo. “A gente tem que se engajar, participar das associações, ocupar os espaços (…) Nós temos oportunidade de fazer diferente e ser algo positivo”, ressaltou Maria Aline.

Essa série de encontros, agregando as EFA’s dos territórios, vai acontecer em outras regiões, com a perspectiva de ser complementada com mais módulos, o que deve possibilitar o aprofundamento de assuntos relacionados às mudanças climáticas e à Educomunicação.

A iniciativa é realizada pelo Irpaa, como sequência de um trabalho já desenvolvido com as EFA’s e que, nos últimos anos, intensificou ações e discussões voltadas para o saneamento rural, com o reúso de águas; a incidência para que esses assuntos estejam sendo incluídos nas práticas educativas e na busca por políticas públicas. As atividades contam com a parceria da Rede das Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Semiárido (REFAISA) e da Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia (AECOFABA); e o apoio da Cáritas alemã.

A formação aconteceu no auditório da EFAG, em Antônio Gonçalves-BA, nos dias 13 e 14 de junho.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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