Há quase 5 anos o Centro de Cultura João Gilberto, localizado no município de Juazeiro, no Norte da Bahia, fechou suas portas para artistas e público devido a diversos fatores. Durante este período os artistas recorreram ao Teatro Dona Amélia, no Sesc de Petrolina, para suas produções.

Agora, após a conclusão da reforma estruturante que teve início no ano passado, a reivindicação da classe artística é que o espaço seja logo entregue à comunidade.

Em contato com o Portal Preto no Branco, o ator e diretor de teatro, Devilles Sena, declarou que mesmo após a conclusão da obra, ainda não há previsão para a reabertura do centro cultural.

“Quero compartilhar uma angústia que vem durando há muito tempo. Estamos há quase 5 anos com o teatro fechado, fato. Estávamos nos preparando para retomada do teatro no próximo dia 14. Mas a promessa de inauguração não irá se cumprir, segundo o gestor João Leopoldo, por causa da agenda do governador. Não há mais justificativa, uma vez que a obra foi 100% concluída”, declarou o artista.

Devilles ressaltou ainda que o CCJG é o único espaço cênico em todo o território do São Francisco. O artista cobrou agilidade na entrega do espaço e lamentou que ainda não exista uma previsão para a reinauguração.

“Já começamos a pensar que o governador está aguardando terminar outras obras que estão em andamento em Juazeiro, para fazer a inauguração de todas de uma só vez, para não ter que vir aqui duas vezes, e isso a gente não tem como aguentar.  Estávamos aguardando, pacientemente, enquanto a obra ainda estava em andamento, mas agora não tem mais nada para fazer, o teatro está pronto, absolutamente pronto é só entregar o espaço para a comunidade. Nós queremos o Centro de Cultura de volta. Felizmente o Sesc de Petrolina tem nós recebido muito bem, mas é o centro de cultura que é a casa do artista, que abriga os nossos trabalhos. Essa morosidade mostra a falta de consideração do Governo do Estado conosco, com Juazeiro, com o território do São Francisco”, acrescentou.

Encaminhamos a reivindicação para o atual gestor do Centro de Cultura João Gilberto. Em resposta, João Leopoldo alegou que existe um protocolo a ser seguido e que a reinauguração do espaço deve ser feita em breve.

“A obra teve seus contratempos, mas ela foi concluída dentro de um prazo razoável, porque teve todo um processo de transição, mudança de governo. O fato é que a obra terminou tranquilamente e está tudo muito bonito, tudo muito bem apresentado. Mas a obra terminou na semana passada e ela segue uma cronologia depois de concluída. A superintendência de patrimônio vem verificar a obra, depois a gente recebe a obra de forma oficial, e paralelo a isso é marcada uma data com o governador para a inauguração, o que deve acontecer o mais breve possível.  O governador tem todo interesse em inaugurar essa obra o quanto antes. Está  todo mundo empenhado nisso.  Eu entendo perfeitamente a ansiedade de todo mundo, da classe artística, dos fazedores de Cultura, e inclusive a nossa. Tenho certeza que essa entrega desse equipamento, que é tão importante para comunidade artística, será feita o mais breve possível. Eu não tenho dúvida que esse é o interesse da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Governador Jerônimo”, declarou João Leopoldo, sem, no entanto, informar sobre a previsão da entrega.

Relembre

Inaugurado há 35 anos, o espaço cultural ainda não havia passado por nenhuma grande intervenção e já apresentava uma estrutura comprometida e defasada no que tange a equipamentos cênicos, salas, palco, teatro principal e de arena.

Em dezembro do ano passado João Leopoldo informou ao PNB que a obra deveria ser inaugurada ainda  naquele final de ano, o que não aconteceu.

A revitalização do espaço cultural, que serve aos municípios do Território São Francisco, é resultado de uma luta da classe artística, que há 5 anos aguardava por uma intervenção na sua estrutura.

Em 2019, um grupo de artistas realizou uma Virada Cultural para chamar a atenção das autoridades para a necessidade de reforma do espaço, com estrutura já bastante precária e insuficiente para as atividades dos fazedores de cultura da região.

Redação PNB