“Depois da Trilha Pedagógica, entendi que o Semiárido tem muitas possibilidades…” “É preciso disseminar esses conhecimentos…” “Se você não tem conhecimento, você continuará oprimido…”. Essas foram algumas das diversas observações feitas ao longo dos debates do 10º Curso de Comunicação e Educação para a Convivência com o Semiárido.

Desde a mística inicial, que provocou reflexões sobre a indiferença aos problemas sociais, até o encerramento, com práticas Educomunicativas, a programação teve o objetivo de promover conhecimentos sobre a Convivência com o Semiárido, as potencialidades e os desafios dessa região. Assim, a décima edição, que começou na noite da última sexta-feira (19), marcou a retomada dessa formação, já que devido à pandemia da Covid-19, não aconteceu nos últimos 3 anos.

Desta vez, além de estudantes de Jornalismo e Pedagogia do Departamento de Ciências Humanas, do Campus III, da Universidade do Estado da Bahia (DCH III-Uneb), em Juazeiro, o curso teve a participação de alunos/as do campus Petrolina, da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). As atividades contaram ainda com a presença de convidadas externas, totalizando 23 pessoas.

A estudante de Pedagogia, do DCH III da Uneb, Gabriella Silva, destacou a importância de todas as vivências ao longo do curso, que a experiência permite voltar “percebendo o mundo de outra forma”. Além disso, ela ressalta a importância de dar cada vez mais visibilidade às potencialidades do Semiárido. “A gente construiu diversas formas de compreender a nossa região, diversas possibilidades de pensar a nossa profissão, então, quando eu for para a sala de aula, ou estiver em qualquer outro espaço, onde eu puder falar, eu dizer: olha as possibilidades são muitas, e muitas ainda virão nesse sentido […] Então, o Irpaa alimentou nossa alma mesmo, no sentido de pensar e criar, de aplicar possibilidades, de dizer que sim, é possível, nós podemos viver, ser felizes e continuar nesse lugar que a gente ama.

O curso tem a proposta de formar multiplicadores/as, para que, em suas áreas de atuação e formação, possam defender e promover o pertencimento ao bioma Caatinga, a defesa dos territórios e povos tradicionais e esse Semiárido cheio de vida e de possibilidades.

A colaboradora do Irpaa, Aldenice Souza, pontua que essas formações são importantes para contar uma história que não foi contada, porque a educação escolar ainda oculta as especificidades e a vida pulsante do Semiárido e também que precisamos dizer não, ao modelo desenvolvimentista e opressor que se coloca como modelo único de sucesso. Por isso, é preciso “[…] mostrar outra história, outra narrativa […] Esse curso é para trazer um conhecimento, uma formação desse Semiárido e a Educação e a Comunicação são pilares dessa formação do povo. Então, trazer essas pessoas pra cá é para ajudar nesse laço de multiplicadores, da verdadeira lógica do que é o Bem Viver e a Convivência com o Semiárido”.

Nesse sentido de seguir multiplicando conhecimentos, o estudante de Geografia, da UPE, Aleff Hernandes Barbosa, ressalta que pretende dar continuidade às discussões dentro da Universidade. “Entendi não só a importância da nossa região, mas a importância de difundir os conhecimento que eu consegui aqui. […] Em questão da Geografia, eu vi que, embora seja um curso que trata dos aspectos físicos, a gente não tem muito aprofundamento. E é uma das coisas que eu quero levar pro meu curso, quando chegar lá, provavelmente, montar um grupo de estudo pra debater esses assuntos e difundir ainda mais”.

Entre os destaques das discussões no curso, houve debates e o conhecimento de algumas tecnologias sociais, do quanto é possível viver bem no Semiárido e da importância da ação do Estado, com a realização de políticas públicas. Esse tema chamou muita atenção da estudante de Jornalismo Meiva Magalhães. Ela afirma que “a comunidade tem seus saberes e aprendizados, e eles devem ser respeitados”, e ainda que é preciso “entender qual o contexto do lugar que a gente vive e se reconhecer nessas localidades, tanto no contexto urbano, como no rural […] Não olhar para o lugar como um lugar precário. E sim como um lugar de afeto, de moradia e que merece políticas públicas de qualidade e reforçar essa cobrança de políticas públicas. Então, isso melhora a minha formação, no sentido de que eu sei que tenho que continuar, principalmente na área jornalística, como atuante nessa área, de cobrar, de se fazer presente na comunidade”, afirma Meiva.

No mesmo entendimento, Milena Silva, estudante de Ciências Sociais da Univasf, pontua que a formação também despertou para a importância de se trabalhar políticas públicas voltadas à qualidade do nosso território. Ela avalia que foi “super enriquecedor esse curso. Eu agradeço por poder conversar com diversas áreas, colegas das Ciências Sociais Aplicadas, pensando o presente, falando do passado e ampliando o futuro. Então, esse curso foi extremamente importante pra minha carreira e eu acho que a partir de hoje deu um insight (compreensão/entendimento…), aquele insight que foi colocado no primeiro dia: eu penso e eu sou Semiárido!”.

O curso aconteceu no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), em Juazeiro, e foi realizado pelo Irpaa, em parceria com a Agência Multiciência e o Núcleo de Pesquisa e Extensão do DCH III-Uneb. As atividades encerraram no início da tarde deste domingo (21), após a apresentação de produções realizadas pelos/as participantes, como um exercício prático de todas as discussões. E os resultados socializados demonstraram o despertar de todos/as para uma atuação engajada em defesa da Convivência com o Semiárido.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa