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Oficina de Educação Contextualizada no Semiárido promove debates e partilha de experiências com Educadores/as de Sento Sé e Casa Nova

oficinaeducacao-15-08-24

Entrar numa sala de aula e encontrar estudantes empolgados com os conteúdos apreendidos e que são trabalhados com uma abordagem que têm total relação com o seu cotidiano, promovendo o sentimento de pertencimento ao lugar e melhor leitura de mundo. Esse é um dos anseios de educadores/as que compreendem a diferença que uma educação significativa pode gerar na vida dos/as estudantes, independente da idade. Assim, reconhecendo essa relevância, e para debater temas relacionados, estão sendo realizados seminários, oficinas e visitas pedagógicas em municípios dos Territórios Sertão do São Francisco e Piemonte Norte do Itapicuru; dessa vez, a oficina sobre Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido foi realizada no município de Sento Sé-BA.

A atividade, que aconteceu na última terça-feira (13), reuniu professores/as, coordenadores/as, diretores/as e representantes das secretarias de Educação dos municípios de Sento Sé e Casa Nova, que se debruçaram sobre discussões acerca dos princípios da Educação Contextualizada. Durante a oficina, eles/as também compartilharam as experiências exitosas realizadas nos municípios e os desafios de promover uma educação contextualizada, que vai de encontro ao estabelecido em um conjunto de leis referentes à educação que, infelizmente, ainda desconsideram as particularidades dos territórios.

No entanto, existem experiências municipais, a exemplo de Sento Sé, que buscam fortalecer e embasar as práticas de educação contextualizada através da construção e implementação do Documento Curricular Referencial Municipal (DCRM) e a estrutura metodológica da organização curricular; e com o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP).

A técnica pedagógica da secretaria de Educação de Casa Nova, Elisonete Lima, reforça a importância da realização de espaços, como essa oficina, que possibilitam discussões fundamentais para o avanço da educação contextualizada na região. “O trabalho com a Educação do Campo é de grande valia para o desenvolvimento da nossa comunidade, para a transformação social da nossa comunidade casanovense. E nesse sentido, a gente almeja muito que cada vez mais a gente possa investir no que é melhor para nossos estudantes, para nossos professores, para todo o nosso povo de Casa Nova. Porque a educação, uma vez investida no nosso aluno, uma vez investida no nosso professor, só tem a ganhar toda a população”, pontua.

Realizar momentos formativos é uma forma de reanimar os/as educadores/as, o que podemos perceber na fala do professor do município de Sento Sé, Elvis Reis: “Contextualizar, nessa perspectiva colocada por vocês, o pessoal do Irpaa, nos traz a revivência da importância da temática, da importância da organização trabalhista nessa perspectiva, fazendo com que flua de maneira mais eficaz a aprendizagem dos nossos alunos de forma interna. Falando assim, a nível de município, que a gente consiga trazer os conteúdos científicos de forma a conduzir um aprendizado contextualizado, que o aluno consiga aprender a partir da sua própria realidade”.

Uma das metodologias utilizadas durante a oficina foi a árvore da contextualização, que chamou a atenção de Elisonete. Ela destaca que o momento fez refletir sobre “vários aspectos que precisam ser rompidos e que precisam ser lançados mão para que as coisas aconteçam da melhor forma dentro da sala de aula, para que a coisa aconteça da melhor forma no município, tanto na Secretaria de Educação, como também nas bases de gestão de sala de aula. Para isso acontecer na sala de aula, a gente também precisa fazer do administrativo entendedor da importância de todo esse investimento de formação para a melhoria da qualidade da educação”.

Os debates também motivaram a professora do município de Sento Sé, Simone Parente, a multiplicar os saberes sobre educação contextualizada. “Saio daqui com o dever de disseminar a importância da contextualização do Semiárido, para a gente aprender a contextualizar e conviver da melhor forma com o Semiárido. Aquilo que antigamente a gente via como dificuldade para o nosso povo, às vezes tem solução e solução viável que a escola, a educação pode possibilitar para os nossos alunos e para a nossa comunidade”.

Simone partilha ainda o que acredita e almeja com a missão de educadora. “Meu anseio é que o aluno se encontre. É que esse aluno que não tem perspectiva de futuro, ele se encontre na escola, através da educação, se liberte da escravizão que a gente vive, se liberte da pobreza, se liberte da ignorância e mais para frente ele seja um indivíduo que compartilhe isso para os filhos e para gerações futuras. Como a escola é importante, como é importante a gente como indivíduo se encontrar, ter consciência da educação, do papel da educação e como ela transforma a nossa vida”.

A coordenadora da educação infantil de Sento Sé, Lidiane Ribeiro, destaca que a Educação Contextualizada deve estar presente em todos os níveis educacionais, para que os/as estudantes se enxerguem no processo e estejam conectados com a realidade. Além disso, Lidiane avalia que já percebe efeitos positivos da realização dessa oficina no município. “Eles receberam de maneira bem positiva, principalmente a coordenação, porque eles são os multiplicadores no chão da escola. Eles que fazem o papel de levar isso pra sala de aula, para os professores. Então, quando a gente vê eles entusiasmados, quando eles recebem e aceitam, a gente fica um tanto tranquilo que a coisa vai andar. Quando eles se engajam é diferente. Em todas as atividades realizadas, em todas as produções, em todas as discussões, deu pra perceber que eles estavam envolvidos e sabendo, de fato, o que estavam fazendo e dizendo”.

Essa ação faz parte do projeto “Agenda 2030 no Semiárido baiano”, executado em 10 municípios localizados em 4 territórios de identidade baianos. “A realização de seminários, oficinas e intercâmbios, que ainda serão realizados, reforçam a importância das formações para os/as multiplicadores/as da Educação Contextualizada, além da necessidade da incidência política para que esse modelo de ensino, que promove uma educação significativa, seja reconhecido nos municípios como política, para que assim, seja implementado de forma estruturada nas escolas rurais e urbanas”, reforça a comunicadora e educadora do Irpaa, Lorena Simas.

A iniciativa conta com o apoio da Horizont3000 – organização não-governamental austríaca de cooperação para o desenvolvimento- com fundos procedentes da Comissão europeia, Sei So Frei Graz, DKA e da Cooperação Austríaca/ Austrian Development Agency (ADA).

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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